Thursday, March 22, 2012
Thursday, January 13, 2011
Sunday, December 12, 2010
Sunday, August 8, 2010
Luz no caminho.
Tuesday, July 13, 2010
Monday, July 12, 2010
Wednesday, May 26, 2010
Sunday, April 18, 2010
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha."
Saturday, March 13, 2010
"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."
Alberto Caeiro
Saturday, February 27, 2010
Yo no quiero más que una mano,
una mano herida, si es posible.
yo no quiero más que una mano,
aunque pase mil noches sin lecho.
Sería un pálido lirio de cal,
sería una paloma amarrada a mi corazón,
sería el guardián que en la noche de mi tránsito
prohibiera en absoluto la entrada a la luna.
yo no quiero mas que esa mano
para los diarios aceites y la sábana blanca de mi agonia.
yo no quiero mas que esa mano
para tener un ala di mi muerte.
lo demás todo pasa.
rubor sin nombre ya, astro perpetuo.
lo demás es lo otro; viento triste,
mientras las hojas huyen en bandadas.
Não quero mais que uma mão,
mão ferida, se possível.
Não quero mais que uma mão,
inda que passe noites mil sem cama.
Seria um lírio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso à lua.
Não quero mais que essa mão
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
Não quero mais que essa mão
para de minha morte ter uma asa.
Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais é o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.
Federico García Lorca
Sunday, February 21, 2010
Italo Calvino, Palomar
"Em primeiro lugar, não se deve confundir o estar morto com o não estar, condição que ocupa também a interminável extensão de tempo que antecede o nascimento, aparentemente simétrica da outra, igualmente ilimitada, que se segue à morte. De facto, antes de nascer fazemos parte das infinitas possibilidades às quais acontecerá, ou não acontecerá, realizarem-se, ao passo que, uma vez mortos, não podemos realizar-nos, nem no passado (ao qual pertencemos agora inteiramente mas sobre o qual já não podemos influir) nem no futuro que, apesar de influenciado por nós, nos permanece vedado."
Italo Calvino, Palomar
Tuesday, January 19, 2010
"Tive um coração, perdi-o.
Ai quem mo dera encontrar!
Preso no fundo do rio
ou afogado no mar.
Quem me dera ir embora,
ir embora sem voltar!
A morte que me namora
já me pode vir buscar.
Tive um coração, perdi-o.
Ainda o vou encontrar!
Preso no lodo do rio
ou afogado no mar."
http://www.youtube.com/watch?v=W9X8_gycTUY
Monday, January 11, 2010
O coração da menina deu alguns passos e afastou-se um pouco, com ar pensativo...
Olhou a menina de frente e exclamou: "És patética!"
Fim.
http://www.youtube.com/watch?v=FL0u9QXNvEg
Sunday, December 6, 2009
Para além disso, gosto muito de todas as formas de arte, de ciência, de aprender sempre mais sobre todo o tipo de coisas e de chocolates. Na maioria do tempo sou Astronauta de pés assentes (às vezes) na Terra e nas horas vagas sou Extraterrestre de cabeça na Lua. [Noutras horas perdidas entre esse tempo sou estudante de Bioquímica.]
Faz agora um ano que alguém me ofereceu a minha primeira máquina fotográfica. Não pretendo ser uma grande fotografa, aliás não pretendo ser coisa grande nenhuma. Mas gosto muito de poder guardar dentro de uma fotografia todas as coisas simples que fazem os meus olhos brilhar e, de quando em vez, partilhá-las com quem estiver disposto a limpar o pó dos olhos, a abrir as janelas da alma e a desligar o complicómetro. Obrigada P., por me teres dado o bombom mais doce que já recebi. E obrigada também a quem por aqui passa.
Tuesday, December 1, 2009
"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente."
Vinicius de Moraes
só quando o desejo é morto.
Só então nos lembramos
que dezembro traz em si a primavera.
Só então, belos e despidos,
ficamos longamente à sua espera."
Eugénio de Andrade
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,
e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
— entranháveis distâncias. (...)"
Federico García Lorca
Tuesday, October 20, 2009
Para P.
O meu anjo não voa, é um marinheiro
Que navega num céu feito mar,
A bordo de uma estrela feita barco.
Mora numa nuvem feita ilha
Tecida com as gotas do vermelho
Que o horizonte bebe a cada fim de tarde.
E, quando a noite veste o horizonte,
Desfaz a sua nuvem sobre o meu leito
E molha meu corpo com o seu vermelho,
Feito fogo do mais puro desejo.
O meu marinheiro é a chama de um farol,
Que incendeia o meu peito
Quando a seu lado me deito.
(E faz de mim o seu anjo)